O que é lixo orgânico? Desvendando as Riquezas dos Resíduos Orgânicos.

Estudos indicam que cada pessoa gera, em média, 1 kg de lixo por dia — e cerca de 50% desse volume é composto por resíduos orgânicos. Lixo orgânico é todo material biodegradável descartado, como restos de alimentos (cascas de banana, laranja, talos, folhas) e também resíduos orgânicos provenientes de processos industriais. Esses materiais, em geral, são descartados sem nenhum tipo de aproveitamento. Mas e se disséssemos que eles escondem um enorme potencial de geração de riquezas?

A reciclagem de plásticos, metais, papéis e vidros já é amplamente conhecida. Porém, quando o assunto é resíduo orgânico, muita gente ainda desconhece o seu valor. Poucos sabem que esses materiais podem ser reaproveitados de forma sustentável, fechando ciclos produtivos e gerando oportunidades econômicas.

Vamos olhar para um exemplo prático: se cada pessoa gera cerca de 500 g diários de resíduo orgânico , uma cidade como São Paulo, com cerca de 11 milhões de habitantes, gera aproximadamente 5.500 toneladas de resíduos orgânicos todos os dias. A maior parte desse volume é destinada a aterros sanitários — isso quando não é descartada irregularmente em lixões. E o pior: sem nenhum tipo de reaproveitamento. Mas afinal, que tipo de aproveitamento seria possível?

Atualmente, o principal destino dos resíduos no Brasil ainda são os aterros sanitários, onde todo o lixo — inclusive o que não passou por triagem para separação dos recicláveis — é literalmente enterrado por grandes máquinas. Nesse ambiente sem oxigênio, os resíduos sofrem decomposição anaeróbia e produzem o gás metano, que, em alguns aterros, é captado e transformado em biogás para geração de energia. Sem dúvida, isso já representa um avanço, mas ainda é pouco diante do potencial desses resíduos.

Existe, no entanto, uma alternativa mais inteligente, sustentável e economicamente viável: a compostagem. Essa prática milenar, adotada desde as civilizações antigas para enriquecer o solo, consiste na decomposição aeróbia (com presença de oxigênio) de resíduos orgânicos. Quando feita corretamente, a compostagem transforma o lixo orgânico em um produto final rico em matéria orgânica e nutrientes: o composto orgânico. Esse composto pode ser utilizado diretamente na agricultura, fechando um ciclo virtuoso: resíduos viram insumo, que vira alimento, que gera novos resíduos — e assim por diante. Além disso, o uso do composto orgânico reduz a necessidade de fertilizantes químicos e ajuda a mitigar as emissões de gases de efeito estufa. Vale lembrar que o AGRO representa cerca de 23% do PIB brasileiro, e que 90% dos fertilizantes utilizados na agricultura nacional ainda são importados — o que demonstra o potencial estratégico da compostagem no Brasil.

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